História de Vila Franca de Xira
A " Sevilha Portuguesa"
Os primeiros habitantes na área que hoje corresponde à freguesia de Vila Franca de Xira, fizeram das grutas da Pedra Furada espaços funerários colectivos que permitem datar essa ocupação do Neolítico final e Calcolítico.
Em tempo de ocupação romana foi junto ao Tejo, em Povos, que existiu uma ocupada entre os séculos II e IV. A islamização está, por sua vez, documentada no monte do Senhor da Boa Morte, onde recentes pesquisas arqueológicas trouxeram à luz: algum material cerâmico e vestígios de habitações muçulmanas.
A reconquista cristã levou à construção do Castelo no alto do monte, sendo bem patente a sua importância defensiva no foral concedido em 1195 por D. Sancho I aos moradores do Castelo de Povos. Desta ocupação medieval é ainda hoje visível o conjunto de sepulturas antropomórficas escavadas na rocha.
Um pouco a sul de Povos, a herdade de Cira era em 1206 doada a D. Froila Ermiges, a qual, em 1212, concedeu foral aos moradores de Cira e Via Franca. Nos séculos seguintes impor-se-ia o topónimo de Vila Franca de Xira, desenvolvendo a vila o seu papel de encruzilhada de caminhos-estradas de terra e de água. Ao mesmo tempo que Povos perdia a primitiva importância, o que ia de par com o progressivo assoreamento do seu cais, Vila Franca desenvolvia-se e tornava-se, no século XIX, a sede do novo concelho que resultou da extinção dos antigos concelhos de Povos, Castanheira, Alhandra e Alverca.
Do ponto de vista administrativo a freguesia de Vila Franca de Xira integra também as lezírias, terras fertilíssimas, cujo exploração agrícola e pecuária sempre influenciou o trabalho e as deslocações sazonais das gentes da outra margem. Propriedades pertencentes à Casa Real e à igreja Patriarcal, após; a constituição da Companhia das Lezírias em 1836 estas passaram, na sua maioria, a ser posse desta importante empresa agrícola.
Tendo o Tejo como fundo Vila Franca é o verdadeiro coração da Lezíria Ribatejana. Vila Franca tem diversidades de interesses desde a nossa querida Lezíria ,Palácios ,Mouchões de povoamento quase nulo até ao lado pitoresco da cidade.
Em Vila Franca de Xira ao longo de séculos desenvolveram-se práticas ligadas à pesca e ao trabalho de campo como a criação de Cavalos e Touros de lide e que ainda hoje se mantém.
Em pleno Ribatejo, banhada pelo rio Tejo, é conhecida pela pátria dos campinos. Trata-se de um Município com uma identidade muito própria. Situado a duas escassas dezenas de quilómetros de Lisboa, mantém um ritmo de vida caracterizado pelas componentes urbana e rural. À beleza do rio, alia o esplendor das Lezírias, a imponência dos Montes.
É comum ouvir-se chamar-se "Sevilha Portuguesa" a Vila Franca de Xira.
A mais antiga representação de Vila Franca, no século XVII, quando Cosme de Médicis decide visitar Portugal e Espanha acompanhado do artista Pier Maria Baldi).
Assim, o viajante, identificando traços comuns nas identidades das pessoas e gentes por onde passavam, ia fazendo alusões comparativas, de modo a enaltecer não só traços identitários comuns, como a qualidade ou definição das suas vivências.
Vila Franca como "Sevilla Portuguesa" tem uma história curiosa, nascida do destaque de um dos seus filhos, que brilhou pelas artes tauromáquicas. A história conta-se em duas penadas e percebe a comparação pelas vivências taurinas de Vila Franca e Sevilla.
Em 1892, actuou no Coliseu dos Recreios, o bandarilheiro de Vila Franca de Xira, José Ribeiro Tomé, quando era empresário José Duarte Costa, também vilafranquense, grande aficionado, que mantinha um espectáculo chamado "FEIRA DE SEVILHA", no qual se lidavam bezerros.
O espectáculo, semelhante a um concurso, recorria a exibição na lide, havendo várias eliminatórias. Certa noite, foi Tomé foi tão ovacionado que o público começou a bater palmas e a clamar "Sevilha Portuguesa", quando descobriram que era um português e não um espanhol que toureava com tanto garbo.
No fim transpirou para os jornais que o público exigia que se desse esse cognome a terra lusitana, que era capaz de produzir tais talentos taurinos. A notícia correu e, em Vila Franca, um bairrismo exacerbado fez nos dias seguintes colocar panos pintados com o dístico "Sevilha Portuguesa".
A Expresão pegou e o próprio Tomé ficou sempre conhecido como o Pai da "Sevilha Portuguesa", até mesmo depois de se ter despedido das praças em 1931.
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